O diário de um bife

Mauro_DiarioBife

Pela primeira vez vi um amanhecer, que lindo! Fiquei emocionado! Estou com poucas horas de vida e já aprendi a andar. Minha mãe é linda, ela me beija constantemente. O leite dela é uma delícia!

Agora sou adolescente. Fiquei muito triste porque me levaram para longe de minha mãe. Por que fizeram isso comigo? Eu era tão feliz. Quando será que vou vê-la novamente?

Cheguei à juventude. Vivo com amigos da minha idade. Gosto deles, mas tenho muita saudade da minha mãe. Um dia pensei tê-la visto em cima de um caminhão com muitas amigas; estavam tão apertadas! Para onde ela foi viajar? Por que não me levou? Tomei todas as vacinas e sou bem comportado.

Enfim adulto. Queria tanto que chegasse esse dia, mas detestei, pois fui violentamente amarrado e brutalmente castrado. Por quê? Que crueldade! Estou arrasado! Não sei o que fazer, acho que vou enlouquecer! Sonhava em casar, ter família grande… e agora? O que vai ser da minha vida?

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Estou engordando demais. Perdi o gosto pela vida, só quero comer e dormir. Meus amigos estão na mesma. Não há mais alegria entre nós, só lamento e incertezas. Estamos tomando injeções rotineiramente.

Os dias se passaram amargos e longos até que fomos tocados para um curral estreito. Ficamos sem comer e sem beber a noite toda. Pela manhã entramos no mesmo caminhão onde vi minha saudosa mãe pela última vez. Será que vou encontrar-me com ela? Tive grande esperança, reacendeu-me a alegria. A viagem foi difícil e longa. Fazia muito calor, meus amigos e eu estávamos com sede e com fome. O caminhão sacudia demais pelos caminhos das fazendas. Só não caíamos porque estávamos tão apertados que um se escorava no outro. Alguns se machucaram. Parou de sacudir quando chegamos no asfalto, mas ficamos muito assustados com a velocidade e com os muitos ruídos de carros e buzinas.

Finalmente chegamos a um lugar horrível. Pensei que pelo menos eu fosse comer e beber, mas não nos deram nada. Já não aguentava mais. Perguntei pela minha mãe aos que estavam ali, mas ninguém soube me informar, pois todos haviam chegado naquele dia. O que seria aquele lugar? Que cheiro terrível! Lembrou-me o fatídico dia de minha castração. Era cheiro de sangue. O que iram cortar de mim desta vez? Fiquei apavorado e quis fugir, mas não tinha saída. Entrei em um corredor que se afunilava. Ouvi gritos de terror dos que estavam à minha frente. Meu coração disparou. Chamei pela minha mãe desesperadamente! Se ela estivesse por ali, por certo viria em meu socorro.

Resolvi não me mover, mas levei um choque e saltei para frente. Isso se repetiu diversas vezes. Como eu queria voltar para minha infância, para meu pasto! Em vão foram meus gemidos e meus gritos de socorro. O cheiro de sangue estava muito mais forte agora.

À frente ia meu primo, igualmente desesperado. Ele estava caído, mesmo levando muitos choques não se levantava. Queria ajudá-lo, mas não havia como. Gritei, para encorajá-lo, que eu estava ali logo atrás dele, então ele se levantou, mas eu mesmo estava em pânico.

Com indizível terror, vi meu querido primo ser barbaramente assassinado. Não consigo entender a razão desse hediondo crime. Não tenho palavras para descrever essa cena dantesca. Seria o inferno? Que mal teria feito ele? Por que tamanha maldade com um ser tão pacífico? Olhei mais à frente e vi meus amigos pendurados de cabeça para baixo, sendo esquartejados ainda conscientes. Seria esse também meu fim? Por quê? Por quê?

Chegou a minha vez… e agora estou no seu prato para satisfazer o seu apetite pervertido. Valeu a pena meu sofrimento? Você está feliz? Pense em tudo o que passei e coma se conseguir.

Assinatura_Mauro

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