O que é, de fato, depressão?

Depressao_Marily

(Continuação do texto “Depressão é tristeza?”)

As estatísticas sobre depressão são assustadoras. Já em 1986, um artigo publicado em uma das principais revistas de medicina dos Estados Unidos afirmava que um em cada três pacientes que consultam um especialista em Medicina Interna tem depressão. Em 2010, a depressão maior era a segunda causa mais comum de doença mental nos Estados Unidos, afetando 200 milhões de pessoas em todo o mundo, ou seja, uma em cada 30 indivíduos da população mundial. Além do impressionante aumento na quantidade de pessoas acometidas por essa doença, surpreende a faixa etária dos pacientes. Antigamente, a depressão maior costumava ocorrer por volta dos 40 anos de idade. Hoje, ela está ocorrendo na faixa dos 25 anos idade. Desde 1991, as vendas de antidepressivos nos Estados Unidos subiram mais de 800%. Dados alarmante, não?

Veja, não estamos falando aqui da depressão situacional, que é uma reação normal a traumas ou mesmo situações corriqueiras, como blue Monday (segunda-feira triste). Mudanças de humor desse tipo, caracterizadas basicamente por tristeza profunda ou vazio, não duram muito e não são consideradas doença. Todo mundo, em algum momento, sente-se assim, pra baixo. A doença retratada nas estatísticas acima é a depressão maior, que “tende a se arrastar com o risco de consequências graves” (NEDLEY, p. 12). Além dessas duas, existe a depressão leve, também chamada de depressão subsindrômica ou distimia, que, se não tratada, pode se transformar em depressão maior. Se você se sente deprimido, o primeiro passo, portanto, é identificar qual dos três tipos de depressão você tem.

São nove os sintomas associados à depressão não situacional. Se você apresentar de dois a quatro deles por pelo menos duas semanas, significa que você tem depressão leve. Se tiver pelo menos cinco dos sintomas durante duas semanas no mínimo, seu diagnóstico é de depressão maior. Raramente o portador de depressão maior apresentará os nove sintomas, mas é possível isso acontecer. Vamos então aos sintomas:

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1. Vazio ou tristeza profunda

Muita gente confunde tristeza profunda com a doença depressão. Nem todos que se sentem profundamente tristes ou vazios têm, de fato, depressão maior. Mas todos que têm depressão maior apresentam esse sintoma. Se você se sente assim quase todo dia e na maior parte do dia e chora descontroladamente sem motivo aparente, é provável que você esteja com depressão maior. Já quem tem depressão leve pode não apresentar tristeza profunda. Em crianças e adolescentes, esse sintoma se manifesta um pouco diferente. Em vez de aparentar tristeza, podem demonstrar apenas irritabilidade.

2. Apatia

Semelhantemente ao primeiro sintoma, a apatia, ou perda de interesse ou prazer em atividades que antes eram prazerosas, precisa necessariamente ocorrer quase todo dia e na maior parte do dia para ser considerada sintoma da doença. Além disso, a apatia é um dos dois sintomas que se manifesta, sem exceção, em todos os pacientes de depressão maior.

3. Agitação ou lentidão

O paciente de depressão pode também apresentar inquietação sem causa definida ou diminuição significativa em atividades físicas e rotineiras (por exemplo, passos mais lentos).

4. Insônia ou sono excessivo

Se você tem insônia quase toda noite ou sono durante o dia ou sono excessivo no início da manhã, pode ser sinal da doença. Eu, por exemplo, tive distúrbios do sono, principalmente o último, durante anos sem saber de sua relação com os demais sintomas que eu apresentava. Era dificílimo levantar da cama. Desligava o alarme várias vezes. Praticamente todo dia, levantava me arrastando. Eu sabia que não era preguiça, mas era a impressão que dava. E quando eu viajava de carro, o sono era incontrolável. Lembro de ter viajado de carro de São Paulo ao Rio Grande do Sul dormindo quase o tempo todo, mesmo sendo dia. Hoje, graças a Deus, isso não acontece mais. Levanto todo dia bem cedo sem dificuldade e sou capaz de ler no carro durante a viagem toda, o que antes era impossível.

5. Diminuição ou aumento de apetite e peso

Alterações diárias no apetite ou perda ou ganho mensal de peso sem esforço também podem ser considerados sintomas de depressão.

6. Falta de concentração

Falta de concentração e dificuldade quase diária para raciocinar e tomar decisões constituem mais um dos sintomas.

7. Sentimentos de excessiva culpa ou indignidade

Culpar-se por algo errado ou sentir-se indigno é normal. O problema é quando a pessoa se sente “o patinho feio” o tempo todo. Para o paciente de depressão, um simples olhar, gesto ou palavra descuidada de outra pessoa pode levá-lo a tomar conclusões precipitadas e irreais como: “Ninguém me ama”, “Eu faço tudo errado mesmo”.

8. Pensamentos mórbidos

Vontade frequente de morrer ou mesmo tentativa de suicídio também podem ocorrer em portadores de depressão.

9. Fadiga

A fadiga ou falta de energia quase diária é um sintoma muito comum hoje em dia, podendo ou não estar relacionada à depressão.

Se você suspeita estar com depressão ou tem algum parente ou amigo que parece estar com essa doença, minha primeira dica prática é: analise seu comportamento nas próximas duas semanas. Para facilitar, faça uma tabela com os sintomas, imprima duas cópias e marque toda vez que você perceber cada sintoma durante as duas próximas semanas, conforme exemplo abaixo. Em seguida, identifique o tipo de depressão (situacional, leve ou maior).

 

Sintomas

Domingo

Segunda

Terça

Quarta

Quinta

Sexta

Sábado

1 Vazio ou tristeza profunda

X

X

X

X

X

X

X

2 Apatia

X

X

X

X

X

X

X

3 Agitação ou lentidão

X

X

4 Insônia ou sono excessivo

5 Diminuição ou aumento de apetite e peso

6 Falta de concentração

7 Sentimentos de excessiva culpa ou indignidade

X

X

X

8 Pensamentos mórbidos

9 Fadiga

X

X

X

X

X

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X

 

Os próximos passos são: entender as consequências, descobrir as causas e, só então, definir o tratamento. É isso que abordaremos nas próximas postagens. Aguarde…

 

Referência

NEDLEY, Neil. Como sair da depressão. Tatuí: Casa, 2010.

Assinatura_Marily

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